Sunday, November 06, 2011

"O Planalto e a Estepe” – Pepetela

Há livros assim. Livros que nos marcam, sem sabermos como nem porquê (nem precisarmos de o saber), de uma forma tão profunda … que nos fazem mergulhar na mais plena densidade de nossos próprios sentidos e essência existencial. Este livro é um desses livros excepcionais … é um livro que tem um pouco de tudo … de romance, de livro histórico, de reflexão filosófica … nunca tinha lido Pepetela, mas já persentia que fazer-lo era uma “obrigatoriedade”. E estava completamente certo. Deixo aqui ainda um pequeno resumo emprestado do “Portal dos Livros”.

"O Planalto e a Estepe” – Pepetela

http://portalivros.wordpress.com/2009/05/04/o-planalto-e-a-estepe-pepetela/

“O Planalto e a Estepe”, do angolano Pepetela, lançado em Abril de 2009 pela Dom Quixote é, sem surpresa, um livro belíssimo, que se lê quase de um fôlego e que faz jus à capa, daquelas que dá logo vontade de pegar no objecto-livro e folheá-lo.
A verdade é que a capa merece o miolo e vice-versa. Quem se deixa deslumbrar pela capa não fica desiludido com o que encontra lá dentro, embrulhado em frases coloridas, vivas, quentes, saborosas, mesmo quando relatam situações de tristeza, de drama, de sofrimento. E isso não falta em “O Planalto e a Estepe”, uma história que começa em Huíla, nos Sul de Angola, nos anos 60, e atravessa os tempos até à actualidade, depois de passar pela União Soviética, Mongólia, Argélia e Cuba.
A descrição dos tempos de meninice de Júlio (o protagonista), logo no início do livro, é das partes mais belas do livro, quando ainda tudo era puro e só havia as brincadeiras, as descobertas, a harmonia, envolvidas naquele acolhedor ambiente africano/angolano, junto da Tundavala.
É uma história de amor, inevitavelmente, baseada em factos verídicos, entre um homem (Júlio) e uma mulher (Sarangerel), entre esse homem e uma filha que lhe é levada antes de nascer. É uma história de um amor impossível porque vivido numa época e num contexto em que as ideologias estavam acima dos indivíduos e das suas necessidades mais íntimas. É a história de um angolano, branco, filho de português, que se apaixona por uma rapariga mongol quando ambos estudam em Moscovo, na União Soviética. Era um amor proibido, nomeadamente porque ela era filha de um alto dirigente da Mongólia e tinha reservado (ou idealizado) um futuro com alguém importante do seu país. Mas o amor por Júlio, e uma gravidez inesperada, espoletam uma série de acontecimentos que levam ao afastamento de Sarangerel, resgatada de novo para o seu país. Na União Soviética, Júlio não encontra apoio para a sua causa, recuperar a mulher e a criança que com ela partiu para a Mongólia. Outros interesses se levantavam, nada poderia importunar as relações entre soviéticos e os seus parceiros mongóis. Pôde contar com a solidariedade dos seus colegas de estudo, mas ninguém teve força para derrubar os interesses e preconceitos dos soviéticos e dos seus aliados estratégicos. Tudo em nome do colectivo, que assim abafou as individualidades. Já antes disto, Júlio, em conversas com os seus amigos estudantes oriundos de outros países amigos do regime soviético, chegara à conclusão que o idealismo que surgia ligado ao comunismo não passava disso mesmo, de idealismo. Na prática, a tão desejada igualdade não passava de uma ficção, ensombrada, nomeadamente, pelos espiões internos que havia ente os próprios estudantes, sempre atentos a ver se os outros seguiam os preceitos desejados.
É portanto uma obra sobre a desilusão face a um regime que se autoproclamava quase de perfeito mas que final vivia submerso nos mesmos vícios dos que criticava. Os mesmos vícios, modos diferentes de os viver.
Esses podres tornaram-se mais evidentes com o desmoronar da União Soviética, mas aí era tarde para Júlio reencontrar o(s) seu(s) amor(es) perdido(s).
Seguimos então o percurso de Júlio até se tornar um militar de carreira do MPLA, o que nos serve para em paralelo seguir o percurso da própria Angola, um percurso muitas vezes questionado pelo protagonista.
A descrição dos tempos de meninice de Júlio, logo no início do livro, é das partes mais belas do livro, quando ainda tudo era puro e só havia as brincadeiras, as descobertas, a harmonia, envolvidas naquele acolhedor ambiente africano/angolano, junto da Tundavala.

Monday, September 26, 2011

a vida ao vento









A vida está impregnada de uma imprescrutável sincronia em todos os espasmos daquela aleatoriedade aparente que define este ou aquele rumo. Um ligeiro sopro de vento em uma outra direcção e faria-se matéria uma das outras mil e uma possibilidades que vagueiam na sombra do efémero concreto que plasma nossas vidas.

Tuesday, August 30, 2011

The Tree of Life - A Árvore da Vida

Não é certamente um filme fácil mas parece-me, sem dúvida, um filme essencial. Por tudo de essencial em que "toca" mas, antes de tudo o mais, por essa viagem profundamente introspectiva à essência da condição humana.





Título original: The Tree of Life

De:Terrence Malick
Com:Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain

EUA, 2010, Cores, 138 min.


Um filme que acompanha a existência de Jack (Hunter McCracken enquanto jovem; Sean Penn em adulto) desde o seu nascimento, nos anos 50, até à idade adulta, da perda da inocência ao cinismo de um homem maduro que é parte da civilização pós-moderna. Jack, o mais velho de três irmãos, cresce dividido entre duas visões divergentes da realidade: o autoritarismo de um pai, ambicioso e descrente (Brad Pitt), com quem vive em perpétuo conflito, e a generosidade e candura de uma mãe (Jessica Chastain), que lhe dá conforto e segurança. Até que um trágico acontecimento vem perturbar o já de si frágil equilíbrio familiar... Quinta longa-metragem do aclamado cineasta Terrence Malick ("A Barreira Invisível"), "A Árvore da Vida" reflecte sobre a origem do universo e de como a tragédia da vida de um ser humano pode ser tão diminuta quando vista a uma escala global.

http://cinecartaz.publico.pt/Filme/282153_a-arvore-da-vida

PÚBLICO



Sunday, July 24, 2011

estado de desemprego










o teu olhar despido de esperança

o teu coração turvo na andança

do tempo que se fez para ti ruim

um pai com o filho de estômago vazio

é a maior humilhação

que uma só alma pode conter

e no entretanto eles comem caviar

esses bichos humanos tornados monstros

e por sinal senhores …

Sunday, June 26, 2011

Wednesday, May 25, 2011

promontório meu















Penetra-me a tua imensidão
em jeito de vento partindo ...
Inunda-me a tua luz profunda,
e estremeço na mais serena quietude,
de um infinito impossível
Tuas ondas, indo e vindo
abraçando o horizonte sempre tão indomável
apesar de tudo ...

Friday, March 04, 2011

Hereafter - Outra Vida

Não posso deixar de recomendar completamente ... Clint Eastwood sempre igual a si próprio e a retratar toda a densidade do "ser humano" como poucos ... neste caso abordando a sempre fascinante questão da "vida depois da morte" ...

Hereafter - Outra Vida

Título original: Hereafter
De: Clint Eastwood
Com: Matt Damon, Cécile de France, Jay Mohr, Bryce Dallas Howard, George McLaren, Frankie McLaren
Outros dados:EUA, 2010, Cores, 125 min.
Links:http://wwws.pt.warnerbros.com/hereafter/index.html

Três pessoas, distantes entre si, estão unidas pela morte. Nos EUA, George (Matt Damon) vive atormentado pelas capacidades paranormais que revela desde muito jovem. Do outro lado do Atlântico, em França, a jornalista Marie (Cécile de France) tenta lidar com o trauma de ter sobrevivido ao tsunami de 2004 no Sudeste asiático. Enquanto isso, em Inglaterra, o pequeno Marcus (George e Frankie McLaren) não consegue lidar com a trágica morte do irmão gémeo. Apesar das suas vidas tão distantes, os seus caminhos cruzar-se-ão... O novo filme do actor e realizador Clint Eastwood baseia-se num argumento original do escritor inglês Peter Morgan, autor de "A Rainha" e "Frost/Nixon".

http://wwws.pt.warnerbros.com/hereafter/index.html
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/272146_hereafter-outra-vida

PÚBLICO

Tuesday, March 01, 2011

Sunday, February 06, 2011

Copie Conforme - Cópia Certificada

Recomendo!

Cópia Certificada

Título original: Copie Conforme
De: Abbas Kiarostami
Com: Juliette Binoche, William Shimell, Jean-Claude Carrière
Género: Drama
Classificação: M/12
Outros dados: ITA/FRA/Irão, 2010, Cores, 106 min.


Ele (o barítono William Shimell) é um escritor inglês em busca de um significado para a vida. Ela (Juliette Binoche) é uma galerista francesa em busca de originalidade. Quando, depois de uma conferência dele, se conhecem, decidem passear por uma pequena cidade no sul da Toscana, onde embarcam num jogo: durante todo aquele dia vão fingir ser um casal. Contudo, a forma como inventam essa relação é de tal modo convincente que acabam por se tornar um, criando assim a sua própria história de amor. O último filme do realizador iraniano Abbas Kiarostami ("O Sabor da Cereja ", "Através das Oliveiras" "O Vento Levar-nos-á", "Shirin") esteve em competição na última edição do Festival de Cannes, valendo a Juliette Binoche o prémio de melhor actriz.PÚBLICO

http://cinecartaz.publico.pt/Filme/267968_copia-certificada

PÚBLICO

Monday, January 31, 2011

imagem do dia - Praia da Boa Nova

lá na praia da Boa Nova um dia ...