Tuesday, February 21, 2006

a mão do homem que detona o gatilho















"Quando os seres humanos se desentendem, mostram que esqueceram suas
semelhanças fundamentais para supervalorizar razões secundárias. Por razões
secundárias um homem destrói outro homem e destrói o planeta que o abriga.

As crises, a violência, as queixas sobre o declínio da moralidade que nos
assolam, mostram que o enorme desenvolvimento externo — sem dúvida útil e
necessário — não corresponde a um mesmo nível de desenvolvimento interno da
humanidade.

Esse cultivar-se internamente é que garantirá nosso direito à felicidade e
até à sobrevivência. Porque, por mais mortíferas que sejam as armas
produzidas pelo medo e pelo ódio, é necessária a mão de um homem para
detonar o gatilho."

S.S. Dalai Lama

Thursday, February 16, 2006

Wednesday, February 15, 2006

O Pesadelo de Darwin











O Pesadelo de Darwin
Título original: Darwin's Nightmare
De:
Hubert Sauper
Género: Doc
Classificacao: M/12

Áustria/FRA, 1996, Cores, 107 min.


As margens do maior lago tropical do mundo, considerado como o berço da Humanidade, são hoje o palco do pior pesadelo da globalização.
Na Tanzânia, nos anos 60, a Perca do Nilo, um predador voraz, foi introduzida no lago Vitória, como experiência científica. Depois, praticamente todas as populações de peixes indígenas foram dizimadas. Desta catástrofe ecológica nasceu uma indústria frutuosa, pois a carne branca do enorme peixe é exportada com sucesso em todo o hemisfério norte.
Pescadores, políticos, pilotos russos, prostitutas, industriais e comissários europeus são os actores de um drama que ultrapassa as fronteiras do país africano. No céu, enormes aviões de carga da ex-União Soviética formam um ballet incessante, abrindo a porta a outro tipo de comércio: a compra e venda de armas. "O Pesadelo de Darwin", realizado por Hubert Sauper, ganhou o Prémio de Melhor Documentário nos Prémios Europeus do Cinema e foi ainda premiado nos festivais de Veneza, Belfort, Copenhaga, Montréal, Paris, Chicago, Salónica, Oslo, México, Angers.


Sem dúvida um documentário absolutamente essencial para compreendermos o que é a globalização, os contornos (des)humanos de que esta se reveste e a dimensão pessoal dessa catástrofe que se chama neoliberalismo ...

Monday, February 13, 2006

Agostinho da Silva
















O anarquismo profético do Prof. Agostinho da Silva ( a propósito

do centenário do seu nascimento)


Passam hoje 100 anos do nascimento do Professor Agostinho da Silva (1906-1994), um dos autores mais interessantes das letras e da cultura escrita e falada em português. Estão programadas várias iniciativas, para os próximos dias e meses, a fim de comemorar a data e chamar a atenção para a figura, o valor e importância do seu pensamento.

Agostinho da Silva é certamente dos autores, juntamente com Pessoa e Teixeira de Pascoais, que mais falaram e se dedicaram a perscrutar o que é ser português. Mas, ao contrário de qualquer nacionalismo serôdio, o seu motivo de interesse é eminentemente de tipo universalista e humanista. Aliás, uma das suas frases mais conhecidas - « Só então Portugal, por já não ser, será» - revela todo a sua visão universalista que encontra em Portugal a consumação da Humanidade. Talvez não por acaso Agostinho da Silva é um biógrafo dedicado, um autor para quem a educação é um dos seus temas predilectos.


Nasceu no Porto em 1906, de seu nome completo George Agostinho Baptista da Silva, frequenta aí o Liceu e passa depois para a Faculdade de Letras do Porto, onde sob a orientação de Leonardo de Coimbra, fez parte daquela geração que esteve na origem da chamada escola filosófica do Porto. Dedicando-se mais tarde ao ensino teve, porém, a dado passo, que se exilar para o Brasil face às suas incompatibilidades para com Regime salazarista. Provavelmente vem daí a sua propensão para o nomadismo que se reflecte nas suas ideias: a vida ficaria mais empobrecida se se lhe retirasse a dimensão do imprevisto; é preciso, portanto, estar sempre disposto a partir, como um nómada.


Claro está que Agostinho da Silva é um pensador religioso, e até mesmo cristão, mas de uma forma muito sui generis, pois que se trata de alguém que nunca cultivou a dogmática eclesial, nem faz do cristianismo ortodoxo a sua doutrina. Há quem lhe aponte simpatias pelo culto do Espírito Santo de Joaquim de Flora, mas ele ao proclamar que qualquer terceira Revelação, a vir, será de carácter íntimo, algo do foro interno de cada um, afasta-se daquela identificação, se bem que nunca deixa de estar imbuído dum certo messianismo, presente quer na história portuguesa quer nas tradições de certos movimentos heréticos e revolucionários. Ele próprio anuncia o reinado do Espírito Santo para «restaurar a criança em nós, e em nós a coroarmos imperador».


É ele próprio que confessa: */« Claro que sou cristão; e outras coisas, por exemplo, budista, o que é, para tantos, ser ateísta; ou, por exemplo, ser pagão. ( in «Reflexões, Aforismos e Paradoxos, 1999, Brasília).

/*


Na verdade, ele – que jamais se mostrou místico – mesmo nas suas afirmações mais transcendentais, nunca deixou de ser um racionalista, um racionalismo diverso e distinto do racionalismo comum que geralmente encontramos. Para Eduardo Lourenço, com efeito, não se pode dizer que Agostinho da Silva fosse um místico, pois tinha pela natureza e a vida uma visão naturalista:

«*Não se instalou na excepção, pregou e viveu no combate à ideia de excepção, em todos os domínios, numa espécie de anarquismo profético e radioso, no fundo mais próximo de Rousseau que de qualquer figura clássica da família mística» ( Eduardo Lourenço*)


De qualquer forma o seu pensamento é irredutível a um sistema ou a uma doutrina; ele preferia antes vê-lo como um movimento, uma atitude, um espírito. Mais que um revolucionário, Agostinho da Silva é, e poderá ser visto, como um evolucionário radical.

Valoriza a ciência, o método e a prática científica. Para ele a técnica é encarada como um precioso instrumento do progresso, muito embora só se for integrada numa economia cooperativa que subordine a produção e o comércio aos consumidores.

Rejeita a sociedade centrada no lucro e preconiza a simplicidade e o espírito de exigência na vida do quotidiano. As suas três principais fontes de inspiração são: a) a meditação interior; b) a convivência aberta; c) o empenhamento na acção social, predominantemente pedagógica.


Por razões diversas, explicadas em parte pelo seu pensamento paradoxal, imbuído de terminologia religiosa e de referências históricas a Portugal, já para não falarmos do género de abordagens académicas e institucionais que normalmente se debruçam sobre a obra, o certo é que a caracterização do pensamento de Agostinho da Silva é objecto de algum entorse senão mesmo de um certo desvirtuamento, quando ela teria todas as condições para ser qualificado como uma das obras mais originais e subversivas dos últimos cem anos. Bastaria, para tanto, lê-la com alguma atenção e reconhecer aí a secreta voz anunciadora da anarquia.

Transcrevamos, por exemplo, um dos excertos mais brilhantes e inconfundíveis:


*/«No Político distingo dois momentos, o do presente e do futuro. Principiando pelo segundo, desejo o desaparecimento do Estado, da Economia, da Educação, da Sociedade e da Metafísica; quero que cada indivíduo se governe por si próprio, sendo sempre o melhor do que é, que tudo seja de todos, repousando toda a produção, por uma lado, no , por outro lado, na fábrica automática; que a criança cresça naturalmente segundo as suas apetências, sem as várias formas de cópia e do ditado que têm sido nas escolas, publicas e de casa; que o social com as suas regras, entraves e objectivos dê lugar ao grupo humano que tenha por meta fundamental viver na liberdade, e que todos em vez de terem metafísica, religiosa ou não, sejam metafísica. Tudo virá, porém, gradualmente, já que toda a revolução não é mais do que um precipitar de fases que não tiveram tempo de ser. Por agora, para o geral, democracia directa, economia comunitarista, educação pela experiência da liberdade criativa, sociedade de cooperação e respeito pelo diferente, metafísica que não discrimine quaisquer outras, mesmo as que pareçam antimetafísicas. Mas, fora do geral, para qualquer indivíduo, o viver, posto que no presente, já quanto possível no futuro; eliminando o supérfluo, cooperando, aceitando o que lhe não é idêntico – e muito crítico quanto a este -, não querendo educar, mas apenas proporcionando ambiente e estímulo, e procurando tão largo pensamento que todos os outros nele caibam. Se o futuro é a vida, vivamo-la já, que o tempo é pouco; que a Morte nos colha e não, como é hábito, já meio mortos, aliás, suicidados. »

(Agostinho da Silva, in Reflexos, Aforismos e Paradoxos, 1999, Brasília/*)


Está consciente porém das dificuldades de uma completa e perfeita anarquia, pois diz: «…é difícil imaginar que se possa algum dia ser na terra inteiramente livre.» ( in As Aproximações, 1990, Relógio d’Água), acrescentando ainda que a sociedade «…tem direitos sobre nós como seres sociais, não como homens»


A solução que ele propõe para as dificuldades da concretização e da viabilidade da anarquia está em substituir o burocrata pelo servidor público voluntário. Assim, o serviço público só seria convenientemente prestado por voluntários disciplinadamente integrados em organizações de tipo militar ( ver a esse propósito o seu livro «As Aproximações»)


Noutra altura, escreve

*/«O reino que virá é o reino daqueles que foram crucificados em todas a épocas, por todas as políticas e por todas as ideologias, apenas porque acima de tudo amavam a liberdade»./*

*/

/*Ou ainda:

*/"O homem não nasceu para trabalhar, mas para criar."

Prof. Agostinho da Silva


http://pimentanegra.blogspot.com/

Tuesday, February 07, 2006

the meatrix





Um dos filmes mais “espectaculares” e didácticos disponíveis na internet, extremamente pedagógico sobre a “indústria de produção pecuária” e outras reflexões importantes:


http://www.themeatrix.com/portuguese

Sunday, February 05, 2006

I want to ride my Bicycle in my town[en]

















I want to ride my Bicycle in my town[en]

Critical Mass – Porto

fresh pictures from 27th January


http://massacritica.pegada.net/massacritica/index.php?accao=ver_fotos.php&id=1