O Papalagui
O Papalagui é um dos livros mais “essenciais” que já tive a oportunidade de conhecer e descobrir.
Nas reflexões do chefe Tuiavii um dos mais cativantes testemunhos desse(s) profundo(s) paradoxo(s) que constitui a nossa cultura tecnocêntrica “ocidental”, profundamente “afastada” da Natureza e da mais primordial simplicidade da Vida e do viver.
Um livro absolutamente “obrigatório” e extremamente cativante que se lê (ao contrário talvez do que se deve) num ténue sopro de tempo.
E a propósito de tempo ...
“Pretendem alguns Papalaguis que nunca têm tempo. Correm desvairados de um lado para o outro como se estivessem possuídos pelo aitu* e causam terror e desgraça onde quer que cheguem, só porque perderam o seu tempo. Este estado de frenesi e demência é uma coisa terrível, uma doença que nenhum homem de medicina pode curar, doença que atinge muitos homens e que os leva à desgraça.”
O Papalagui
Autor: Tuiavii,
Editora: Antígona
Idioma: Português
Páginas: 74
Titulo Original: Der Papalagi
Tradutor: Liiza Neto Jorge
http://www.citador.pt/biblio.php?op=21&book_id=472
Observações:
Papalagui - assim os samoanos chamam aos brancos, e assim Erich Sheurmann chamou à crítica da civilização ocidental posta na boca do chefe samoano Tuiavii que registou um êxito editorial estrondoso. Seduzindo milhares de leitores, tornou-se um autêntico best-seller e livro de cabeceira de certa cena dita alternativa, sobretudo no seu país de origem. Publicado em 1920, na Alemanha, o livro encontrou os primeiros leitores num país ainda ávido de matar saudades do arquipélago de Samoa, cuja parte ocidental tinha sido uma colónia alemã antes de ficar sob a tutela da Nova Zelândia nesse mesmo ano de 1920, até adquirir a independência de 1962.
O Papalagui não pode ser visto isoladamente. Insere-se numa tradição literária secular e numa mitologia de vigor excepcional : o sonho do paraíso terrestre. Este sonho fixa-se no século XVII nos mares do Sul que começam então a ser explorados sistematicamente. Tudo ali se procura, naquelas regiões longínquas do Pacífico: um clima feliz, uma natureza generosa onde sobrevive o 'bom selvagem' de Rousseau, inocente e nu, libertado das pressões do dia-a-dia e sem necessidade de trabalhar.