Saturday, December 30, 2006

pensamento “du jour”

pensamento “du jour”

um dos maiores erros que vejo diariamente ser cometido é o dos seres humanos raramente admitirem a hipótese de estar errados ...

é mais do que meio caminho andado para o estarem ... e redondamente


Natal Sem Compras no Porto | Buy Nothing X mas in Porto


Natal Sem Compras no Porto | Buy Nothing X mas in Porto


http://pegada.net/gaia/fotos/econatal.rar


na Rua de Stª Catarina em plena febre consumista ...

in Rua de Stª Catarina under consumerist fever ...



Wednesday, December 20, 2006

A Consciência da Massa


A Consciência da Massa

por Nuno Michaels

http://www.nunomichaels.com/


Uma das verdades mais fundamentais - e no entanto mais difíceis de compreender - é a de que as pessoas vivem todas em diferentes níveis de consciência.

Não se assimila esse Ensinamento nas suas mais profundas implicações apenas lendo ou pensando sobre ele; há que observar a maneira como as pessoas agem, pensam, falam, sentem, reagem, vivem. O que lhes ocupa o pensamento. Como usam o tempo. O que as preocupa. Os objectivos que têm na vida. Aquilo de que falam. E então torna-se evidente que todas vivem em diferentes níveis de consciência e, até, o nível de consciência em que vivem.

A grande maioria da Humanidade vive num nível biológico-social instintivo. Nesse nível, as pessoas são condicionadas pelos valores vigentes e pela mentalidade comum. As suas identidades são uma mera extensão das normas, crenças, costumes e tabus da sociedade em que nasceram. Vivem polarizadas na sobrevivência e, se possível, na acumulação de dinheiro, poder e estatuto. No mínimo, precisam de um emprego seguro e um parceiro para acasalar e reproduzir-se. Odeiam a solidão.

Não têm ideias ou pensamentos originais; falam do que toda a gente fala, têm as opiniões que os meios de comunicação, os líderes de opinião e o status quo querem que tenham. Lêem jornais desportivos e revistas sobre programas de televisão, falam sobre pessoas e acontecimentos triviais do dia-a-dia. Gostariam que o mundo mudasse mas não começam por si próprios. Não questionam o que lhes é dito; se os seus líderes lhes dizem que os afegãos são maus e os astrólogos mentirosos, então os afegãos são maus e os astrólogos mentirosos. Assim, bovinamente, sem sequer investigarem o assunto. Consomem bens e serviços de que não precisam de facto e cujo único valor é o próprio acto de serem adquiridos e o estatuto que lhes está associado - na ilusão de que serão mais no dia em que tiverem mais.

Vivem vidas inteiras repetindo os mesmos padrões mentais e emocionais, submersos na sua própria subjectividade e incapazes de se verem objectivamente. Não fazem ideia do que são "energias", "arquétipos" ou "padrões". Não fazem ideia de que a vida é um processo de crescimento e desenvolvimento pessoal e não uma luta pela sobrevivência.

São os autómatos de que o sistema precisa para assegurar a sua reprodução e a manutenção das suas próprias estruturas. Constituem a "consciência da massa".

Libertarmo-nos da consciência da massa tem um preço muito alto. Porque os valores da sociedade são redutores, mas dão segurança - a mesma segurança que um rebanho dá a uma ovelha.

Evoluir para outro nível de consciência implica questionar e pensar por si mesmo; implica ser incompreendido e ridicularizado por quem não vê mais longe. Implica conviver com as conversas ocas, mecânicas, de quem nos rodeia. Implica ser livre. E a sociedade não gosta de indivíduos livres, porque são uma falha no sistema e um mau exemplo para os autómatos - e esses é que fazem falta, para que tudo isto funcione..."

Nuno Michaels

http://www.nunomichaels.com/


Wednesday, December 06, 2006

amar ...




















"Amar não é olhar um para o outro, é olharmos juntos na mesma direcção."

"Amar é o processo em que eu o levo de volta a você mesmo".


Antoine de Saint Exupéry

Obrigada Princesinha Yang ! ;o)


Dia Sem Compras no Porto | Buy Nothing Day in Porto





















Dia Sem Compras no Porto | Buy Nothing Day in Porto

http://gaia.org.pt/?q=node/840


No último Sábado de Novembro, entre as 15.30 e as 17.30, o GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental), realizou uma acção de Rua em Santa Catarina, no Porto, na qual foram efectuados rastreios anti-consumistas gratuitos, assim como foi fornecida assitência ao nível do eco-consumo aos diversos consumidores consultados.

Foram ainda medidos os níveis de consumo de alguns desses consumidores, tendo os valores registados sido extremamente elevados e revelando fortes indícios de que estamos provavelmente perante uma verdadeira epidemia consumista, com um elevado potencial de contágio sobretudo na época em questão ...

eu estive lá, e podem bisbilhotar as fotos à vontade ...

em:

http://gaia.org.pt/?q=node/840


e ainda:

http://gaia.pegada.net/fotos/dsc.zip


a falta de qualidade de algumas fotos nao se devem ao fotografo mas sim

a interferencias electromagneticas do rádio da diana!”



Buy Nothing Day in Porto [en]


I was there ... find the Wally with the strange suit and the weird machine ;O)


Wednesday, November 29, 2006

The samurai's pride [en]

















36. The Gates of Hell

http://www.osho.com/


The samurai's pride


Heaven and hell are not geographical, they are psychological, they are your psychology. Heaven and hell are not at the end of your life, they are here and now. Every moment the door opens; every moment you go on wavering between heaven and hell. It is a moment-to-moment question, it is urgent; in a single moment you can move from hell to heaven, from heaven to hell.

Hell and heaven are within you. The doors are very close to each other: with the right hand you can open one, with the left hand you can open another. With just a change of your mind, your being is transformed --from heaven to hell and from hell to heaven. Whenever you act unconsciously, without awareness, you are in hell; whenever you are conscious, whenever you act with full awareness, you are in heaven.


The Zen master Hakuin is one of the rare flowerings. A warrior came to him, a samurai, a great soldier, and he asked "Is there any hell, is there any heaven? If there is hell and heaven, where are the gates? Where do I enter from? How can I avoid hell and choose heaven?"

He was a simple warrior. A warrior is always simple; otherwise he cannot be a warrior. A warrior knows only two things, life and death--his life is always at stake, he is always gambling; He is a simple man. He had not come to learn any doctrine. He wanted to know where the gate was so he could avoid hell and enter heaven. And Hakuin replied in a way only a warrior could understand.

What did Hakuin do? He said, "Who are you?"
And the warrior replied, "I am a samurai."

It is a thing of much pride to be a samurai in Japan. It means being a perfect warrior, a man who will not hesitate a single moment to give his life. For him, life and death are just a game. He said, "I am a samurai, I am a leader of samurais. Even the emperor pays respect to me."

Hakuin laughed and said, " You, a samurai? You look like a beggar."

The samurai's pride was hurt, his ego hammered. He forgot what he had come for. He took out his sword and was just about to kill Hakuin. He forgot that he had come to this master to ask where is the gate of heaven, to ask where is the gate of hell.

Hakuin laughed and said, "This is the gate of hell. With this sword, this anger, this ego, here opens the gate." This is what a warrior can understand. Immediately he understood: This is the gate. He put his sword back in its sheath.

And Hakuin said, "Here opens the gate of heaven."

Hell and heaven are within you, both gates are within you. When you are behaving unconsciously there is the gate of hell; when you become alert and conscious, there is the gate of heaven.

What happened to this samurai? When he was just about to kill Hakuin, was he conscious? Was he conscious of what he was about to do? Was he conscious of what he had come for? All consciousness had disappeared. When the ego takes over, you cannot be alert. Ego is the drug, the intoxicant that makes you completely unconscious. You act but the act comes from the unconscious, not from your consciousness. And whenever any act comes from the unconscious, the door of hell is open. Whatsoever you do, if you are not aware of what you are doing the gate of hell opens.

Immediately the samurai became alert. Suddenly, when Hakuin said, "This is the gate, you have already opened it"-- the very situation must have created alertness. A single moment more and Hakuin's head would have been severed; a single moment more and it would have been separated from the body. And Hakuin said, "This is the gate of hell."

This is not a philosophical answer; no master answers in a philosophical way. Philosophy exists only for mediocre, unenlightened minds. The master responds but the response is not verbal, it is total. That this man may have killed him is not the point. "If you kill me and it makes you alert, it is worth it"--Hakuin played the game.

This must have happened to the warrior--stopped, sword in hand with Hakuin just before him--the eyes of Hakuin were laughing, the face was smiling, and the gate of heaven opened. He understood: the sword went back into its sheath. While putting the sword back into the sheath he must have been totally silent, peaceful. The anger had disappeared, the energy moving in anger had become silence.

If you suddenly awake in the middle of anger, you will feel a peace you have never felt before. Energy was moving and suddenly it stops--you will have silence, immediate silence. You will fall into your inner being and the fall will be so sudden, you will become aware.

It is not a slow fall, it is so sudden that you cannot remain unaware. You can remain unaware only with routine things, with gradual things; you move so slowly you can't feel movement. This was sudden movement-- from activity to no-activity, from thought to no-thought, from mind to no-mind. As the sword was going back into its sheath, the warrior realized. And Hakuin said, "Here open the doors of heaven."

Silence is the door. Inner peace is the door. Nonviolence is the door. Love and compassion are the doors.


Saturday, November 25, 2006

o consumo nosso de cada dia ... e o Dia Sem Compras





















o consumo nosso de cada dia ...

e o Dia Sem Compras:

http://thechange2004.blogspot.com/


"As grandes firmas de relações públicas, de publicidade, de artes gráficas, de cinema, de televisão ... têm, antes de mais, a função de controlar os espíritos. É necessário criar "necessidades artificiais" e fazer com que as pessoas se dediquem à sua busca, cada um por si, isolados uns dos outros. Os dirigentes dessas empresas têm uma abordagem muito pragmática: "É preciso orientar as pessoas para as coisa superficiais da vida, como o consumo." É preciso criar muros artificias, aprisionar as pessoas, isolá-las umas das outras. "


Monday, November 20, 2006

"O Paraíso, Agora!"











"O Paraíso, Agora!", realizado por Hany Abu-Assad, é talvez um dos mais acutilantes retratos (a fresco) daquele que é um dos mais imcompreendidos infernos terrestres: a Palestina ... não é um retrato documental paternalista sobre o dia-a-dia Palesteniano para consumo ocidental durante pouco mais que hora e meia ... é talvez um grito, talvez uma metáfora, talvez um paradoxo vivo em cada pedaço de película ... um paradoxo feito de todos os paradoxos que a realidade comprime ... uma realidade bem mais precisa neste filme do que na quase esmagadora maioria dos blocos noticiosos ocidentais ... uma realidade nua e crua, mesmo sem qualquer rigor explícito ou imagem bombástica ... e em muitos casos a mais nevrálgica parte da realidade são os seres humanos ... cada um deles disperso num todo que se assemelha a um tremenda utopia ... sobre isso talvez Agostinho da Siva tivesse muito mais a dizer, mas isso já são outros posts ...


O Paraíso, Agora!

Título original: Paradise Now

De: Hany Abu-Assad

Com: Kais Nashef, Ali Suliman, Lubna Azabal

Género: Dra

Classificacao: M/12


ALE/FRA/ISR, 2005, Cores, 90 min.


"O Paraíso, Agora!", realizado por Hany Abu-Assad, acompanha as últimas horas de dois jovens palestinianos, recrutados para cometerem um atentado suicida em Telavive. Depois da última noite com as famílias, sem se poderem despedir, são levados à fronteira com as bombas atadas à volta do corpo. No entanto, a operação não corre como o esperado e Khaled e Saïd vêem-se confrontados com o seu destino e as suas convicções.

Hany Abu-Assad traça um retrato cru da situação palestiniana num filme que teve como objectivo ouvir as histórias daqueles que já não as podiam contar.

O realizador quis perceber o que leva jovens a tornarem-se "kamikazes", o que os conduz à execução de um acto tão extremo. O filme foi rodado quase na totalidade em Nablus, muitas vezes debaixo de tiro, tendo mesmo parte da equipa abandonado a rodagem na sequência da destruição de uma zona próxima das filmagens por um míssil israelita.

Premiado no Festival de Berlim, com os prémios de Melhor Filme Europeu, Amnistia Internacional e Prémio do Público, "O Paraíso, Agora!" ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e foi o primeiro filme palestiniano nomeado aos Óscares da Academia de Hollywood.


PUBLICO.PT

Wednesday, November 15, 2006

Osho Meditation [en]
















Osho Meditation [en]


http://www.osho.com/


"I am not here to convert you to become a Hindu, to become a Mohammedan, to become a Christian. All that nonsense is not for me. I am here to help you to become religious -- with no adjective attached to it. And once you start understanding this, the world takes on a totally new color."


I don´t know precisely why but for some reason, or for none reason, this web site has becomed one of the most important sites to me ... I mean, I don´t like so that much the word: important ... a word that can so much be seen in a very relative way ...

any way, it´s not a site to explain or justify ... it is something very precious, something that we should always share with a very big gratefulness for being able to have access to such wisdom ... wisdom that is not just in the words of Osho or in any very complex philosophical frame of thinking ... it´s not about thinking either ... it´s perhaps about not being about anything not relative ...

a very personal advise: you must try the Osho tarot and the Zen tarot as well ...


my card on November 14th


77. We Are The World

Zen Tarot Card

We Are The World


When thousands and thousands of people around the earth are celebrating, singing, dancing, ecstatic, drunk with the divine, there is no possibility of any global suicide. With such festivity and with such laughter, with such sanity and health, with such naturalness and spontaneity, how can there be a war?... Life has been given to you to create, and to rejoice, and to celebrate. When you cry and weep, when you are miserable, you are alone. When you celebrate, the whole existence participates with you. Only in celebration do we meet the ultimate, the eternal. Only in celebration do we go beyond the circle of birth and death.


Osho I Celebrate Myself Chapter 4


Commentary:


Humanity is depicted here as a rainbow of beings, dancing around the mandala of the earth with their hands joined together in joy and gratitude for the gift of life. This card represents a time of communication, of sharing the riches that each of us brings to the whole. There is no clinging here, no grasping. It is a circle without fear of feelings of inferiority and superiority. When we recognize the common source of our humanity, the common origins of our dreams and longings, our hopes and fears, we are able to see that we are all joined together in the great miracle of existence. When we can combine our tremendous inner wealth to create a treasure of love and wisdom that is available to all, we are linked together in the exquisite pattern of eternal creation.

Saturday, November 11, 2006

pensamento "du Jour"

O poder da mudança e a mudança do poder são, em muitas circunstâncias, exactamente o oposto.”

Saturday, November 04, 2006

transe















Já há bastante tempo que um filme não me tocava de forma tão “visceral” e me infundia emoções tão profundas e, de certa forma, perturbadoras. Transe, sem ser propriamente um filme documental (mesmo expondo de forma tão inexorável o drama do tráfico de “carne humana”), é um perturbante (é o mínimo que se pode dizer) testemunho de uma “tragédia” quotidiana que é a exploração da miséria de milhares, milhões até, de raparigas e mulheres neste nosso planeta... milhões de rapariguinhas (algumas delas ainda mal “despedidas” de uma fugidia infância) que, face à miséria de suas vidas, poucas mais perspectivas lhes restam do que agarrarem-se à ténue esperança de um emprego num qualquer país “rico”. E face à miséria também económica dos seus países de origem, até um país pobre, como por exemplo Portugal, consegue passar por país rico... Como nos oferece paradoxos tão interessantes a ordem neoliberal em que habitamos ...

Transe é um verdadeiro soco no estômago. Um soco no estômago que em larga medida é importante levarmos, sobretudo no sentido de despertar para um drama que tem a exacta escala de cada um dos seres humanos, sobretudo mulheres, de que os seus contornos se revestem ...

E creio que é essa sobretudo a dimensão mais essencial em “Transe”: a escala individual e pessoal dessa mesma tragédia e calamidade neo-esclavagista que uma sociedade essencialmente chauvinista e patriarcal persiste em reproduzir, alimentar, ignorar ... e dela todos nós somos cúmplices com o nosso silêncio, com a nossa indiferença, com a nossa insensibilidade para o drama que se desenrola mesmo ao nosso lado, numa das boates da nossa cidade nocturna, na rua, seja onda for... porquê?


“Transe” - (FRA/ITA/POR/RUS) 2006 126 min – Teresa Villaverde . Ana Moreira, Viktor Rakov, Robinson Stévenin

http://www.clapfilmes.pt/transe/

A história de Sónia, uma mulher de 20 e poucos anos que abandona o namorado e a família, em São Petersburgo, na Rússia, e decide partir sem olhar para trás para tentar encontrar uma vida melhor noutro país. Sónia vai conhecer a ilusão de uma vida nova e o inferno daqueles a quem a vida parece nada ter para dar. Fazendo a sua "via sacra" Europa fora, atravessando todo o continente, primeiro pela Alemanha, depois Itália, para acabar no extremo oposto, em Portugal, ela vai conhecer toda a miséria e degradação que o tráfico e a exploração dos mais fracos provoca. Um filme sobre a exploração e o tráfico de mulheres que a realizadora Teresa Villaverde ("Os Mutantes") explica a partir das palavras de Santa Teresa de Ávila: "O inferno é um cão a ladrar lá fora". "Estamos no início do século XXI e o cão ladra em toda a parte. Não nos livrámos da tortura, da escravatura, do genocídio. A personagem central deste filme vê esse inferno de frente e de muito perto. Penso que não chega a entrar, porque é preciso fazer parte do inferno para estar lá dentro. Ela não faz parte, mas não há saída. Jorge Semprún escreveu a propósito da sua experiência num campo nazi que um dos motores da sobrevivência é a curiosidade. Se não quisermos olhar, as chamas agigantam-se."

Friday, October 27, 2006

shell demonstra hipocrisia no prémio "vida selvagem"












Um dos temas referidos no livro “Be the Change ... “ sobretudo quando abordada a questão da globalização, prende-se com as proporções que o crescente “poder” das companhias multinacionais tem vindo a adquirir na “nova ordem neoliberal” ... dotadas de uma poderosa máquina de propaganda, de hábitos consumistas e “inconscientes” generalizados à quase totalidade da população mundial (exceptuando os que deles são excluídos não tanto por opção mas por impossibilidade prática, e não são poucos), e no âmbito de uma “globalização” que mais não é que do que o seu jogo de monópolio jogado à escala global e à escala da vida de todos nós ... uma silenciosa e subtil “revolução” mercantilista tem vindo a reconfigurar toda a escala de valores da nossa sociedade. Por detrás desse aparente manto de “normalidade” e placidez, escondem-se complexos e obscuros jogos de interesse ... capazes de prejudicar, até mesmo destruir, a vida de milhões, biliões, de seres em todo o planeta ... habitats inteiros até ...

No mundo neoliberal existe uma ordem primordial antes de todas as outras: O LUCRO. E tudo o mais nada mais são do que meros “acessórios” circunstânciais que adquirem até o carácter de estimulante desafio para os especuladores bolsistas e malta da política amigalhaça ... e o que mais não faltam são “amigos”, amigos do dinheiro ...



Friends of the Earth International
SHELL DEMONSTRA HIPOCRISIA NO PRÉMIO "VIDA SELVAGEM"
Londres, Reino Unido, 18 de Outubro de 2006


As comunidades que vivem junto à gigante petrolífera Shell vão esta semana expor a hipocrisia da empresa ao patrocinar o prémio da competição Fotógrafo do Ano da Vida Selvagem – anunciado quarta-feira, dia 18 de Outubro (1).

A Shell é a nova patrocinadora do prestigiado prémio, que é organizado conjuntamente pelo Museu de História Natural e pela BBC Wildlife Magazine, e contribuiu com cerca de € 1,117,000 (2).

Mas os vizinhos da Shell designam a gigante petrolífera de “destruidora da vida selvagem” e afirmam que está a tentar esconder os estragos que faz na vida selvagem e no ambiente por detrás do prestigiado prémio (3).

Estão a reclamar para que o Museu de História Natural termine a relação com a Shell, que acreditam danificar a reputação e credibilidade do museu. O museu participa na competição apesar de ter um relatório ético sobre a Shell que identifica problemas na companhia.

Paul De Clerck, da Campanha de Empresas da Friends of the Earth, afirma: “O patrocínio da Shell ao prémio de Fotógrafo do Ano da Vida Selvagem desvaloriza completamente o seu valor. A Shell está a causar danos massivos à vida selvagem e ao ambiente, e nenhuma quantia de patrocínios em prémios verdes irá mudar isso.”

Hannah Griffiths, também da Campanha de Empresas da Friends of the Earth, acrescentou: “O Museu de História Natural não devia aceitar patrocínios duma companhia tão destrutiva”.

Os visitantes, que falaram em eventos públicos em Londres, Birmingham e Manchester, e que visitaram os Parlamentos (5), estão no Reino Unido para chamar a atenção para o impacto real da Shell sobre a vida selvagem, o ambiente e os povos de todo o mundo.

Um dos oradores é Terry Clancy, da campanha Shell para o Mar do Condado Mayo, na Irlanda, onde a Shell planeia construir um pipeline off-shore e terminais de gás. O desenvolvimento ameaça o habitat único proporcionado pela Baía de Broadhaven – uma reserva natural internacional importante – e destruirá turfas e pastos costeiros (6).

Os oradores sublinham também os impactos negativos na vida selvagem da ilha russa de Sakhalin, onde a nova plataforma e pipeline da Shell ameaçam a sobrevivência da já gravemente ameaçada Baleia Cinzenta do Pacífico Oeste.

A Friends of the Earth viu também detalhes dum relatório que afirma que a Shell destruiu várias centenas de abetos de Sakhalin, ou abetos de Glehn – incluidos na lista de espécies ameaçadas da IUCN. Parte de uma área protegida de um quilómetro de comprimento foi arrasada pela Shell para dar lugar ao pipeline (7).

A Friends of the Earth, que está a servir de anfitriã desta acção, lançou uma galeria de imagens que mostram os estragos causados pela Shell (8).

http://www.foe.co.uk/campaigns/corporates/news/shell_wildlife_gallery.html e http://www.shelloiledwildlife.org.uk


PARA MAIS INFORMAÇÕES CONTACTE:

Friends os the Earth International Corporates Campaigner Paul De Clerck.

Tel: +32-2-542 61 07 (número belga)

Friends of the Earth's Corporates Campaigner Hannah Griffiths.

Tel: +44-7855 841994

Friends of the Earth Press Office em Londres. Tel: +44-20-7566 1649

(1) Ver www.nhm.ac.uk/visit-us/whats-on/temporary-exhibitions/wpy/exhib-index.html

(2) A shell contribui com £750,000 em dois anos, conforme o acordo assinado com o Museu de História Natural.

(3) Um relatório sobre os impactos da Shell na vida selvagem está disponível na página da Friends of the Earth www.foe.co.uk/resource/briefings/shell_wildlife_destroyer.pdf

(4) Uma cópia da revisão ética está disponível aos Friends of the Earth

(5) Os vizinhos da Shell falaram em Londres a 16 de Outubro às 19.00 no London Action Resource Centre, 62 Fieldgate Street, London E1 1ES; terça-feira 17 de Outubro às 18.30 no Imperial College, Lecture Theatre 208, Skempton Building, Imperial College Road, London SW7; em Birmingham na quinta-feira 19 de Outubro às 19.30 no Warehouse Café, Birmingham Friends of the Earth, 54-57 Allison Street, Digbeth, Birmingham, B5 5TH; e em Manchester na sexta-feira 20 de Outubro às 19.00 no Friends Meeting House.

(6) Ver http://www.corribsos.com/

(7) Uma cópia traduzida está disponível na Friends of the Earth

(8) Ver http://www.foe.co.uk/campaigns/corporates/news/shell_wildlife_gallery.html e http://www.shelloiledwildlife.org.uk


Tradução: David Maia

Wednesday, October 18, 2006

Syriana












Syriana

http://syrianamovie.warnerbros.com/


é curioso como um thriller ficcional tem o condão de nos poder “instruir” de forma tão aguçada sobre a dimensão de factos que são cruciais para compreender a forma como se configura a nossa sociedade ... para compreender o que está para lá dos telejornais e indústria dos media ... o que está para lá de um império que se estende de washington ao caúcaso, pelo mundo fora e a ignorância da opinião pública adentro ... o que está por detrás, acima de tudo, de uma bomba de gasolina ou de uma fila de trânsito bem próxima de todos nós ...


Syriana

Título original: Syriana

De: Stephen Gaghan

Com: Kayvan Novak, George Clooney, Amr Waked, Christopher Plummer

Género: Dra, Thr

Classificacao: M/12


EUA, 2005, Cores, 126 min.


"Syriana" é um complexo "thriller" político que tem como pano de fundo as intrigas e corrupção no mundo da indústria global do petróleo. Desde as jogadas de bastidores dos poderosos em Washington até à vida dos homensque trabalham nos poços, as diversas histórias que decorrem em "Syriana" entrelaçam-se e formam uma tela que nos mostra as consequências humanasda busca impiedosa de riqueza e poder. Num país do Golfo produtor de petróleo, o jovem e carismático Príncipe Nasir procura mudar o há muito estabelecido relacionamento com os interesses económicos americanos ao conceder os direitos de prospecção à oferta mais alta, neste caso aos chineses. É um enorme golpe para a Connex, uma empresa texana que detinha esses mesmos direitos, bem como para os interesses americanos na região. Entretanto, a Killen, uma pequena empresa petrolífera do Texas, propriedade de Jimmy Pope (Chris Cooper), acabou de ganhar os direitos de prospecção numa apetecida zona do Cazaquistão, o que a torna muito atractiva para a Connex, que necessita de novos territóriospara manter a sua capacidade de produção. Quando as duas companhias se fundem, o negócio atrai as atenções e é chamada uma firma jurídica para averiguar.

Bob Barnes (George Clooney) é um agente veterano da CIA prestes a terminar a carreira e cujo último trabalho será... o assassinato do Príncipe Nasir..

Tuesday, September 05, 2006

What is a Freegan?

http://www.freegan.info/

What is a Freegan?

Freegans are people who employ alternative strategies for living based on limited participation in the conventional economy and minimal consumption of resources. Freegans embrace community, generosity, social concern, freedom, cooperation, and sharing in opposition to a society based on materialism, moral apathy, competition, conformity, and greed.

Sunday, September 03, 2006

In Flandres and Nederlands for Peace and Love [en]











In Flandres and Nederlands for Peace and Love [en]

This Summer, in the beginning of August, I´ve been in Belgium and in the Nederlands.

I went to Belgium with other 3 Gaia activists (Diana, Luís and Lau) in order to take part in a meeting of “Youth for a nuclear free Europe”. We had 10 days full of good information, friendship and some cool actions as well. I didn´t know that the “nuclear” scene, specially when is about weapons, could be so bad ... but well, even with such a annoying panorama, the word for future is hope ... hope that´s not so difficult to find while seeing and feeling such a terrific group of young activists from all Europe together and very engaged in giving Peace a chance in our world, planet ...

Even the cops that followed us all the time seemed to have some kind of simpathy for our cause ... and inner inside, every human being knows that Peace is the only reasonable solution for conflicts, and also the only way to happiness ;O)

We really had very happy times in Belgium, specially while ciclying (part of the actions was a very cool bike tour) in the beautiful countryside, and for sure we will still have more and more, when we get rid of all dirty nuclear weapons and atomic power plants ...

So lets get ride of nukes!

Perhaps soon I will have some cool pictures to show wheter in the blog, in ringo or such ...


Afterwards I went to Holland, to Arnhem, to visit my Grandparents after a long time without meeting each others ... it was really very special time that I spent with them ... also that we also had the visit of my little sister, Mimi from Hamburg, and for sure these will be times that I will never forget ...

Holland, as everyone more or less knows, is also such a terrific country for bikes ... bikes are extremelly happy there ... and well, in general it´s very nice country with very nice people ...

I think that people there have very good conditions and good life standarts ... but of course happiness is not as simple as that, and I guess that´s the interesting part of it: its secrets, that after all, perhaps, are no so secret as they might seem ;O)


Now back to Portugal and to action, there are millions of important things we can do “here” and “now”, and I´m trying to keep that in mind ;O) so first of all I feel like hugging and kissing all the beautiful beings that I´ve been long time without seeing, feeling, smelling ;O)


And of course ... there´s nothing like hugging and kissing (and specially etc ;O) our “little princess” after such a long time away from our castle ...

Casa.

Tuesday, July 11, 2006

Ventos do Espírito

Ventos do Espírito


“Quando te vier a prova da solidão, une-te a Nossa Irmandade.

Quando estiveres diante da prova do medo, tem como escudo a fé

inabalável do teu mundo interior.

Quando fores pego pela prova angústia, mergulha na infinita alegria de

viver.

Quando na prova da soberba te iludires, reconhece tua pequenez.

Quando na prova da luxúria te confundires, recolhe-te na pureza.

Quando na prova da ambição sutil te envolveres, cultiva a simplicidade.

Quando na prova da avareza for semeada em ti a ganância, deixa que a

santa mão da pobreza limpe o teu jardim.

Quando na prova do mérito buscares reconhecimento, protege-te com o

escudo da doação invisível.

Quando a prova do orgulho pela auto-realização te chegar, reacende a

chama da entrega.

Quando na prova do poder te cegares, curva-te a vontade do Criador e a

Luz descerá sobre ti.

Quando na prova das emoções te deixares atar, corta os laços com a

afiada lâmina da impessoalidade do Espírito.

Quando na prova da obstinação te aferrares ao ego, reafirma teus votos e

deixa-te transfigurar na tua essência.

Quando na prova da aridez te vier a desesperança, recebe a devoção com

abertura e afasta a secura com o ardor do fogo.

Quando teus olhos percorrerem o mundo em buscas vãs e te colocarem

diante da prova da infidelidade, volta-te ao mundo interno, retorna a

tua Casa.

E todas estas provas nada mais são do que pequenos testes que superarás

quando souberes que a tua única e verdadeira prova é a de jamais te

afastares do Caminho que escolheste.”


Fonte: Ventos do Espírito, Trigueirinho. Ed. Pensamento 1997.

Thursday, July 06, 2006

as utupias e a utupieca :O)












“As utopias são como os horizontes, quanto mais caminhamos mais elas se afastam. Então para que servem as utopias? Para isso mesmo, para caminhar!”


http://utupiaraqui.blogspot.com/

Monday, June 26, 2006

Sobre a ignorância e a confusão
















*Sobre a ignorância e a confusão*:

Imagina que vais por um passeio cheio de sacos de compras e alguém
esbarra contigo, de forma que cais e as compras ficam espalhadas pelo
chão. Quando te levantas, estás pronto a disparar: "Que imbecil! Que se
passa consigo? Está cego?" Mas antes de recuperar o fôlego para respirar
notas que a pessoa que esbarrou contigo é realmente cega. Também está
caída no chão com toda mercearia à volta e a tua raiva desvanece-se num
instante, para ser substituída por uma preocupação genuína: "Está
magoado? Posso ajudar?" A nossa situação é exactamente esta. Quando
vemos claramente que a fonte de desarmonia e infelicidade no mundo é a
ignorância, podemos abrir a porta da sabedoria e da compaixão. E aí
estamos prontos a curar-nos e a curar os outros.
~ B. Alan Wallace, /Tibetan Buddhism from the Ground Up/

Thursday, May 04, 2006

Lisboetas (ou os homens do mundo)

Lisboetas” (Portugal) 2004 105 m– Sérgio Trefaut.


"Lisboetas" é um documentário político sobre a vaga de imigração que nos últimos anos mudou Portugal. O retrato acutilante e extraordinário de um momento único em que o país e a cidade entraram num processo de transformação irreversível.
É uma janela secreta sobre novas realidades: modos de vida, mercado de trabalho, direitos, cultos religiosos, identidades. É uma viagem a uma cidade desconhecida, a lugares onde nunca se vai mas que estão lá.
"Lisboetas" é um documentário de Sérgio Tréfaut e ganhou o Prémio de Melhor Filme Português na primeira edição do IndieLisboa.


Teatro do Campo Alegre
Morada: R. das Estrelas 4150-013 Porto
Aceita marcações T. 226063000


Pensamento “du jour”


“a [nossa] realidade é a nossa perspectiva da própria realidade”

Thursday, April 27, 2006

waking soul





















23 de Abril

há dias bem simbólicos

Tuesday, April 18, 2006

O Céu Gira











O Céu Gira
Título original: El Cielo Gira
De: Mercedes Álvarez
Género: Doc
Classificacao: M/12

ESP, 2004, Cores, 115 min.
argumento
Na Aldealseñor, uma aldeia de Soria, em Espanha, restam hoje 14 habitantes. São a última geração, depois de mil anos de história interrompida. Hoje, a vida continua. Em breve, vai extinguir-se sem deixar testemunhas. Os vizinhos da aldeia e o pintor Pello Azteca partilham algo: as coisas começaram a desaparecer diante dos seus olhos. A narradora volta então às suas origens e assiste a esse final, ao mesmo tempo que procura recuperar a primeira imagem do mundo: a da infância. "O Céu Gira", Melhor Filme nos Festivais de Roterdão, Paris e Buenos Aires, onde ganhou também o Prémio da Crítica Internacional, é o primeiro documentário da realizadora Mercedes Álvarez e um retrato intimista, delicado e divertido sobre a aldeia em que nasceu.

Teatro do Campo Alegre
Morada: R. das Estrelas 4150-013 Porto
Aceita marcações T. 226063000

Sunday, April 16, 2006

o poder ...











"O poder, é a capacidade que os homens têm de criar para os outros um destino.

.Essa é a essência da sua perversão."

Antonio Alçada Batista


photo by mimi

http://www.9minutes.blogspot.com/

Friday, April 14, 2006

Pensamento “du jour”

Pensamento “du jour”

“Conheça-se a si mesmo mas não fique demasiado intímo”

Tuesday, April 04, 2006

Sunday, April 02, 2006

A voz do povo ergue-se novamente ao fim de 30 anos!

A voz do povo ergue-se novamente ao fim de 30 anos!


Imagens de Ferrel - 30 anos

por Pedro Fontoura


Na manhã do dia 19 de Março de 2006, após 20 anos do acidente de Chernobil, um grupo de pessoas ergueu em Ferrel desfraldou bandeiras coloridas, pelo mundo em que querem viver.

O céu polvilhado por nuvens, ameaçando constantemente com a chuva, raios de sol subitamente escapando-se como arautos da Primavera que se faz chegar; as falésias calcárias que bordejam toda a Península de Peniche e área circundante, contando uma história contínua, com mais de 20 milhões de anos da evolução geológica do Jurássico inferior de Portugal; um oceano de história e lendas telúricas deste nosso país azul e verde; foi o palco de uma “recusa colectiva” de uma larga dezena de pessoas à energia nuclear, numa impressionante manifestação pacífica e decidida.


http://gaia.org.pt/fotos/20060319_Ferrel30Anos/


http://www.ferrel19.blogspot.com/

Monday, March 27, 2006

distância

“é impressionante que o ser humano seja capaz de comunicar em tempo real com outro(s) ser(es) humano(s) a milhares de kms de distância mas, talvez mais impressionante ainda, seja a sua incapacidade de comunicar com o ser humano que está mesmo a seu lado, por vezes até na mesma cama”.

Saturday, March 25, 2006

Ferrel - 30 anos [en]














30 years ago, the people from Ferrel - Peniche and many other people fighting for life standed against what would be the first nuclear power plant in portugal. 30 years after, many of them where in Ferrel again to celebrate such unique event ... with them many of the children that during these 30 years were able to born in a nuclear free portugal, thanks to them parents fight. I was one of them and I was among those celebrating in the beautiful pleace of Ferrel, with such a beautiful Atlantic Coast just so nearby ...


http://gaia.org.pt/fotos/20060319_Ferrel30Anos/

Thursday, March 23, 2006

pensamento “du jour”










“Não há saudade mais dolorosa do que a das coisas que nunca foram”

Fernando Pessoa

Monday, March 13, 2006

thought “du jour” [en]











thought “du jour” [en]

“you are what you aren´t”

Tuesday, February 21, 2006

a mão do homem que detona o gatilho















"Quando os seres humanos se desentendem, mostram que esqueceram suas
semelhanças fundamentais para supervalorizar razões secundárias. Por razões
secundárias um homem destrói outro homem e destrói o planeta que o abriga.

As crises, a violência, as queixas sobre o declínio da moralidade que nos
assolam, mostram que o enorme desenvolvimento externo — sem dúvida útil e
necessário — não corresponde a um mesmo nível de desenvolvimento interno da
humanidade.

Esse cultivar-se internamente é que garantirá nosso direito à felicidade e
até à sobrevivência. Porque, por mais mortíferas que sejam as armas
produzidas pelo medo e pelo ódio, é necessária a mão de um homem para
detonar o gatilho."

S.S. Dalai Lama

Thursday, February 16, 2006

Wednesday, February 15, 2006

O Pesadelo de Darwin











O Pesadelo de Darwin
Título original: Darwin's Nightmare
De:
Hubert Sauper
Género: Doc
Classificacao: M/12

Áustria/FRA, 1996, Cores, 107 min.


As margens do maior lago tropical do mundo, considerado como o berço da Humanidade, são hoje o palco do pior pesadelo da globalização.
Na Tanzânia, nos anos 60, a Perca do Nilo, um predador voraz, foi introduzida no lago Vitória, como experiência científica. Depois, praticamente todas as populações de peixes indígenas foram dizimadas. Desta catástrofe ecológica nasceu uma indústria frutuosa, pois a carne branca do enorme peixe é exportada com sucesso em todo o hemisfério norte.
Pescadores, políticos, pilotos russos, prostitutas, industriais e comissários europeus são os actores de um drama que ultrapassa as fronteiras do país africano. No céu, enormes aviões de carga da ex-União Soviética formam um ballet incessante, abrindo a porta a outro tipo de comércio: a compra e venda de armas. "O Pesadelo de Darwin", realizado por Hubert Sauper, ganhou o Prémio de Melhor Documentário nos Prémios Europeus do Cinema e foi ainda premiado nos festivais de Veneza, Belfort, Copenhaga, Montréal, Paris, Chicago, Salónica, Oslo, México, Angers.


Sem dúvida um documentário absolutamente essencial para compreendermos o que é a globalização, os contornos (des)humanos de que esta se reveste e a dimensão pessoal dessa catástrofe que se chama neoliberalismo ...

Monday, February 13, 2006

Agostinho da Silva
















O anarquismo profético do Prof. Agostinho da Silva ( a propósito

do centenário do seu nascimento)


Passam hoje 100 anos do nascimento do Professor Agostinho da Silva (1906-1994), um dos autores mais interessantes das letras e da cultura escrita e falada em português. Estão programadas várias iniciativas, para os próximos dias e meses, a fim de comemorar a data e chamar a atenção para a figura, o valor e importância do seu pensamento.

Agostinho da Silva é certamente dos autores, juntamente com Pessoa e Teixeira de Pascoais, que mais falaram e se dedicaram a perscrutar o que é ser português. Mas, ao contrário de qualquer nacionalismo serôdio, o seu motivo de interesse é eminentemente de tipo universalista e humanista. Aliás, uma das suas frases mais conhecidas - « Só então Portugal, por já não ser, será» - revela todo a sua visão universalista que encontra em Portugal a consumação da Humanidade. Talvez não por acaso Agostinho da Silva é um biógrafo dedicado, um autor para quem a educação é um dos seus temas predilectos.


Nasceu no Porto em 1906, de seu nome completo George Agostinho Baptista da Silva, frequenta aí o Liceu e passa depois para a Faculdade de Letras do Porto, onde sob a orientação de Leonardo de Coimbra, fez parte daquela geração que esteve na origem da chamada escola filosófica do Porto. Dedicando-se mais tarde ao ensino teve, porém, a dado passo, que se exilar para o Brasil face às suas incompatibilidades para com Regime salazarista. Provavelmente vem daí a sua propensão para o nomadismo que se reflecte nas suas ideias: a vida ficaria mais empobrecida se se lhe retirasse a dimensão do imprevisto; é preciso, portanto, estar sempre disposto a partir, como um nómada.


Claro está que Agostinho da Silva é um pensador religioso, e até mesmo cristão, mas de uma forma muito sui generis, pois que se trata de alguém que nunca cultivou a dogmática eclesial, nem faz do cristianismo ortodoxo a sua doutrina. Há quem lhe aponte simpatias pelo culto do Espírito Santo de Joaquim de Flora, mas ele ao proclamar que qualquer terceira Revelação, a vir, será de carácter íntimo, algo do foro interno de cada um, afasta-se daquela identificação, se bem que nunca deixa de estar imbuído dum certo messianismo, presente quer na história portuguesa quer nas tradições de certos movimentos heréticos e revolucionários. Ele próprio anuncia o reinado do Espírito Santo para «restaurar a criança em nós, e em nós a coroarmos imperador».


É ele próprio que confessa: */« Claro que sou cristão; e outras coisas, por exemplo, budista, o que é, para tantos, ser ateísta; ou, por exemplo, ser pagão. ( in «Reflexões, Aforismos e Paradoxos, 1999, Brasília).

/*


Na verdade, ele – que jamais se mostrou místico – mesmo nas suas afirmações mais transcendentais, nunca deixou de ser um racionalista, um racionalismo diverso e distinto do racionalismo comum que geralmente encontramos. Para Eduardo Lourenço, com efeito, não se pode dizer que Agostinho da Silva fosse um místico, pois tinha pela natureza e a vida uma visão naturalista:

«*Não se instalou na excepção, pregou e viveu no combate à ideia de excepção, em todos os domínios, numa espécie de anarquismo profético e radioso, no fundo mais próximo de Rousseau que de qualquer figura clássica da família mística» ( Eduardo Lourenço*)


De qualquer forma o seu pensamento é irredutível a um sistema ou a uma doutrina; ele preferia antes vê-lo como um movimento, uma atitude, um espírito. Mais que um revolucionário, Agostinho da Silva é, e poderá ser visto, como um evolucionário radical.

Valoriza a ciência, o método e a prática científica. Para ele a técnica é encarada como um precioso instrumento do progresso, muito embora só se for integrada numa economia cooperativa que subordine a produção e o comércio aos consumidores.

Rejeita a sociedade centrada no lucro e preconiza a simplicidade e o espírito de exigência na vida do quotidiano. As suas três principais fontes de inspiração são: a) a meditação interior; b) a convivência aberta; c) o empenhamento na acção social, predominantemente pedagógica.


Por razões diversas, explicadas em parte pelo seu pensamento paradoxal, imbuído de terminologia religiosa e de referências históricas a Portugal, já para não falarmos do género de abordagens académicas e institucionais que normalmente se debruçam sobre a obra, o certo é que a caracterização do pensamento de Agostinho da Silva é objecto de algum entorse senão mesmo de um certo desvirtuamento, quando ela teria todas as condições para ser qualificado como uma das obras mais originais e subversivas dos últimos cem anos. Bastaria, para tanto, lê-la com alguma atenção e reconhecer aí a secreta voz anunciadora da anarquia.

Transcrevamos, por exemplo, um dos excertos mais brilhantes e inconfundíveis:


*/«No Político distingo dois momentos, o do presente e do futuro. Principiando pelo segundo, desejo o desaparecimento do Estado, da Economia, da Educação, da Sociedade e da Metafísica; quero que cada indivíduo se governe por si próprio, sendo sempre o melhor do que é, que tudo seja de todos, repousando toda a produção, por uma lado, no , por outro lado, na fábrica automática; que a criança cresça naturalmente segundo as suas apetências, sem as várias formas de cópia e do ditado que têm sido nas escolas, publicas e de casa; que o social com as suas regras, entraves e objectivos dê lugar ao grupo humano que tenha por meta fundamental viver na liberdade, e que todos em vez de terem metafísica, religiosa ou não, sejam metafísica. Tudo virá, porém, gradualmente, já que toda a revolução não é mais do que um precipitar de fases que não tiveram tempo de ser. Por agora, para o geral, democracia directa, economia comunitarista, educação pela experiência da liberdade criativa, sociedade de cooperação e respeito pelo diferente, metafísica que não discrimine quaisquer outras, mesmo as que pareçam antimetafísicas. Mas, fora do geral, para qualquer indivíduo, o viver, posto que no presente, já quanto possível no futuro; eliminando o supérfluo, cooperando, aceitando o que lhe não é idêntico – e muito crítico quanto a este -, não querendo educar, mas apenas proporcionando ambiente e estímulo, e procurando tão largo pensamento que todos os outros nele caibam. Se o futuro é a vida, vivamo-la já, que o tempo é pouco; que a Morte nos colha e não, como é hábito, já meio mortos, aliás, suicidados. »

(Agostinho da Silva, in Reflexos, Aforismos e Paradoxos, 1999, Brasília/*)


Está consciente porém das dificuldades de uma completa e perfeita anarquia, pois diz: «…é difícil imaginar que se possa algum dia ser na terra inteiramente livre.» ( in As Aproximações, 1990, Relógio d’Água), acrescentando ainda que a sociedade «…tem direitos sobre nós como seres sociais, não como homens»


A solução que ele propõe para as dificuldades da concretização e da viabilidade da anarquia está em substituir o burocrata pelo servidor público voluntário. Assim, o serviço público só seria convenientemente prestado por voluntários disciplinadamente integrados em organizações de tipo militar ( ver a esse propósito o seu livro «As Aproximações»)


Noutra altura, escreve

*/«O reino que virá é o reino daqueles que foram crucificados em todas a épocas, por todas as políticas e por todas as ideologias, apenas porque acima de tudo amavam a liberdade»./*

*/

/*Ou ainda:

*/"O homem não nasceu para trabalhar, mas para criar."

Prof. Agostinho da Silva


http://pimentanegra.blogspot.com/