Saturday, September 10, 2005

Costa Vicentina [en], [pt]














30/8

Zambujeira do Mar [en]

Hmm, seems that I’ve been really skipping to write in English, or at least try to … shame on me ;O)

After “Encontro Vida Verde” I had decided to spend some days together with the Atlantic.

Well, in Portugal there hardly could be a better place than the South-West Coast, Costa Vicentina, to do it, there nature managed, somehow, to survive to the same cement and bet ton fury that quite destroyed most part of my country, filling the Atlantic Coast with ugly buildings and mass construction shit.

There you can still find nearly desert beaches only filled with tranquillity.

I arrived there quite in the end of August so mood was already sort of calm.

There was a very interesting coincidence. I arrived there after Encontro Vida Verde, and after setting the tent and all that stuff in the Camping Park I went almost running to the beach … well, the village was sort of nice, especially if compared to Algarve, that is filled with buildings and touristic resorts, but somehow I didn´t feel like staying in the main beach … there was too much people (at least according to my introspective standards ;O), so I decided to walk a bit further and search for something calmer.

I was presented with a very nice walking path trough the amazing cliffs over the Atlantic, still not so fantastic as some that I found out afterwards while exploring the area a bit better.

So eventually I arrived to a beach not so that faraway from the main one. There were some stairs going down. I went down and there, strangely, I started to recognise some familiar faces. Well, somehow I was in Encontro Vida Verde again, because the people that were staying a bit longer after the “Encontro” were actually there in the beach, they had decided to go to the beach in that day and so by coincidence (or not ;O) I met them in that same beach that, in a certain extend, I went to nearly by accident.

It was (is) really special people, with a very “open” and positive attitude towards life, but it´s always sort of complicated to dress it with words.

Guga (a very cute baby) and Ana (Guga´s mother) were staying also in Zambujeira for some days … so eventually we were camping very nearby in the Camping Park.

In the following day I decided to make a short walk, short but not so short, something like 3 or 4 km.

There were really impressive landscapes but surely I´m not able to describe them, especially in English.

I carried my bag with some stuff with the intention of spending there the entire day but ironically I forgot a very essential element in such conditions: sun protector.

So for some moments I was in a mega chill out mood, laying in the beach like a lizard, just getting sun and reading some cool stuff. After some time sun was really wild, and I really had to search for some shadow, which was sort of difficult because the beach was very exposed to the sun …

While there something very interesting happened. There was some trash, mostly due to boats passing related with commercial navigation I guess, since it seemed to be a not very frequented beach (quite the opposite) … well, not too much but still …

A man grabbed a bag and started picking all the garbage in the beach, without any stress, calmly, step by step. It´s incredible but, after a not very long time, the landscape was really very different, positively different, thanks to a single individual act. Well, for sure there must be tones of garbage in the entire shore, nevertheless, in that beach, in that day, that single act, simple act I would even say, made a lot of difference for sure. Who knows if it even didn´t save the life of some animals? Sometimes sea animals swallow that terrible garbage or are affected by it one way or the other.

I think that I will never forget the importance of that single act … and if we all collectively would be responsible for more of single acts like that?

In the next day I went on food, with my 25 kg bag (or such ;O) to North. I was planning to reach Vila Nova de Mil Fontes by walking ….

Well, I must return to my mother language because I have written some short appointment in my notebook …

Fiz uma caminhada da Zambujeira até Vila Nova de Mil Fontes, com 2 boleias pelo meio (e que me salvaram diria ;O).

Da Zambujeira até ao portinho de pesca “Saída da Barra” (creio que era esse o nome) fui sempre a caminhar. A paisagem era deslumbrante, com escarpas agrestes precipitando-se no Atlântico.

Tentei seguir um trilho algo sinuoso e bravo por essas escarpas, com algumas passagens algo perigosas sobretudo quando se transporta uma enorme mochila que nos limita em larga medida a mobilidade. Mais perto do porto, uma densa cortina de vegetação cortou-me o caminho. Talvez sem mochila fosse possível, mas para todos efeitos estava com mochila. No porto, começando a sentir de forma cada vez mais inclemente o peso da minha companheira lombar, constatei que parecia não haver nenhum caminho. O meu objectivo era chegar ao Farol do Cabo Sardão.

Não tive muito mais imaginação do que ter optado por me dirigir para a estrada. Curiosamente, pouco após ter começado a percorrer o asfalto, e na primeira vez que estendi o polegar, conseguir obter imediatamente boleia. Um casal muito simpático que estava de Férias em Mil Fontes, o meu destino final. Usei a boleia apenas até ao Cabo Sardão, pela qual fiquei imensamente agradecido.

O Cabo tem uma aura muito especial, uma beleza muito própria; beleza ainda mais ampliada para Farol, edifício mítico.

Após me deter por um prolongado instante por aquelas bandas, apreciando a vista do cabo e do Farol, decidi partir em direcção a Almograve, com o pormenor que o único elemento indicador que possuía era o facto de saber que ficava para Norte.

Fui tentando encontrar um trilho e nem cheguei a perceber se ele existia ou não. Após algum tempo caminhando, penetrei numa área verdadeiramente selvagem. Os únicos vestígios de humanidade eram algumas embarcações que passavam ao largo no mar, sempre pressentido e presente. Era uma paisagem predominantemente Mediterrânica creio. A partir de certo momento, e após passar por alguns bosques mediterrânicos, comecei a chegar a uma área onde se erguiam enormes dunas de areia que só terminavam nas próprias falésias sobre o Atlântico.

Em certo momento senti medo … não seguia nenhum caminho concreto que não fosse esse de ter o Atlântico como referência, mas não sabia se alguma desfiladeiro, mato, me poderia ou não cortar o caminho e deixar-me disperso naquela imensidão selvagem. Essa inquietude, em larga medida, impediu-me de sentir em toda a sua plenitude toda a imensa quietude daqueles instantes.

Senti-me quase como ultrapassando um deserto. Lembrei-me dos milhares de seres humanos, empurrados pela miséria e total ausência de perspectivas, que se aventuram no próprio Sara com o intuito de chegar ao Mediterrâneo e depois a uma mítica Europa, que na maior dos casos não passa de uma mera miragem distante, senão geográfica certamente legal.

Após ultrapassar mais dunas, durante alguns kms, comecei a chegar a uma área onde me pareceu ver pegadas recentes, para além das de inúmero animais não humanos que vinha vendo até ali. Isto decorreu no período de maior calor, em que o sol estava mesmo a pico. Eventualmente acabei por chegar a um ponto de onde avistei um estradão ao longo da costa. Do início desse estradão, e de mais um porto do pesca onde ele convergia, a Almograve foi mais cerca de meia hora a caminhar.

Em Almograve, depois de ter estado na praia, comecei a pedir boleia para Mil Fontes, mas o meu sucesso foi nulo, quase o oposto ao sucesso que tinha tido anteriormente. Prossegui caminhando. Fui por um longo caminho ladeado essencialmente por eucaliptais, a parte sem dúvida mais desagradável de todo o percurso, sobretudo porque me sentia mesmo cansado, sobretudo no que diz respeito ao peso sobre as costas, e estava a ver que nunca mais terminava … Por fim acabei por conseguir chegar à estrada nacional, onde não tive de esperar mais de 10 minutos até um outro casal muito simpático, que regressava de férias de Aljezur, ainda conseguisse encontrar espaço no automóvel atulhado para me meter a mim e à minha mochila. Até Mil Fontes ainda foi uma distância considerável, que me teria tramado forte e feio se tivesse percorrido a caminhar, ainda para mais não havendo nada de assim muito interessante no percurso. Fomos mandados parar por uma patrulha de géninhos mas ficámos sem saber o que queriam dado que nos mandaram prosseguir de imediato.

Finalmente cheguei a Mil Fontes onde o Parque de Campismo remetia um pouco para o universo de um Campo de Refugiados.

Em Mil Fontes, fui dar a uma praia onde havia um velho reboque enferrujado encalhado. Por outro lado ficava perto de uma ETAR, por isso por instantes o cheiro era desagradável. Então decidi regressar ao Porto no dia a seguir. Antes do regresso, à noite, ainda descobri em Mil Fontes uma Gelataria com uns deliciosos gelados sem leite, os melhores que já provei creio, pelo menos do que me recordo. A Vila em si tem a sua piada, mas nada de absolutamente encantador, por muito que exista o Algarve para o fazer parecer.

No dia a seguir, passei praticamente todo o dia sentado numa camioneta para conseguir regressar finalmente ao Porto. Segundo os meus pais eu estava incrivelmente magro.

São perspectivas.

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