Thursday, September 29, 2005

sono outonal
















Sono Outonal

O dia despertou envolto numa opaca película de nevoeiro … Cumpre-se o ciclo cadente das Estações e o Outono brota com cada vez maior fulgor em cada espasmo de vida. A Natureza sucedendo à Natureza na sua mais primordial condição de transmutabilidade. Folhas amarelecidas precipitam-se verticalmente no chão, agitando com elas a espessa poeira de todas as recordações e vislumbres de memória que assomam os sentidos … Somos a soma de tudo o que vivemos ampliado até ao infinito por tudo o que poderíamos ter vivido… e é quase como que se ambas dimensões se fundissem em silenciosa dissolução …

Rastos … perenes pegadas que deixámos expostas à irrevogável cadência das Estações, cumprindo-se instante após instante, brotar após brotar, sentido após sentido …

Longe … pressinto a lonjura que abarca teu quente respirar com o desígnio de ave migradora … tenho essa mesma sede de infinito que liberta e enclausura … essa semente dínamo de todas as divagações que me assaltam persistentemente … vi uma lânguida sombra, e sabia que não lhe podia mais reconhecer os contornos ou arfar …

As árvores mergulhavam em seu longo e lento sono outonal … dissolvendo os ténues vestígios de exactidão que se imiscuíam ainda em todas as imprecisões que nos definem …

Tuesday, September 27, 2005

"Earth

"Earth provides enough to satisfy every man's need, but not every man's greed."

Mahatma Gandhi

Wednesday, September 21, 2005

On uncanny spaces [en] – litera tunning













On uncanny spaces [en] – litera tunning


On similarities we can agree, but there are differencies, different places, homes of different worlds. Their name is for now verges. Verges are empty areas, abandoned, rooms left for room, unguarded, filled in with the air of hard-workers. The pong of workers, stinky working clothes, reboant, thundering work of machines, steam and dust, industrial world. Nowadays shelters for brown and white rats. Sometimes for bats. Sometimes even for people, there are two groups, two different inhabitants. One lives almost without anything, just with its glass and its verge. Another one is rich, paying big money for living in such reconstructed places. They are generally called brown fields. Expensive flats. These places are full of charge, possibly because they do not have many visitors. They are wittnesses, contemporaries, waiting for their thieves, as the others are waiting too.

(A great blog from a great friend from my czech days, frantinha)

litera tunning

http://sergentpepere.blogspot.com/

O Peixinho





















O Peixinho da Horta,

Um snack bar único na Invicta


http://www.peixinhodahorta.blog.pt/

Sunday, September 18, 2005

In streets of Porto

In streets of Porto

Tua essência, água e sonho
Palavra memória que caminha

security [en]

A common conception of security is an achievement or possession on the physical plane. But an abiding sense of security can never come from possession or from achievement. Security comes only when we have established our constant oneness with our soul. - Sri Chinmoy

Saturday, September 17, 2005

A lenda dos índios caipós sobre as estrelas

A lenda dos índios caipós sobre as estrelas

Antigamente os índios viviam no céu e nenhum deles conhecia a Terra. Um dia alguém descobriu um buraco que se abria sobre a Amazónia. Tinham descoberto o Paraíso. Os índios olharam incrédulos e, sem hesitar, decidiram dar maior segurança ao seu futuro. Construíram assim uma corda e começaram a descer. Mas quando quase todos os guerreiros tinham descido no planeta, um menino traquinas cortou a corda e mais ninguém conseguiu descer à Terra. Assim, no céu ficaram alguns índios e as suas fogueiras ainda se notam de noite: são as estrelas.

in Gonçalo Cadilhe/,Planisfério Pessoal,/2005

Tuesday, September 13, 2005

Jedes Hertz ist Eine Revolutionäre Zelle! - The Edukators

























Jedes Hertz ist Eine Revolutionäre Zelle!
- The Edukators
http://www.theedukators.com/

Fui ver um filme que, considero, nenhum activista (ou simplesmente ser pensante no mundo actual ;O) deveria deixar de ir ver, por todas as reflexões que proporciona, sobretudo estando nós no contexto liberal actual. Creio que toca mesmo o amâgo das coisas e proporciona um conjunto de dilemas e questões únicas que seria importante todos nós abordármos, sobretudo naquilo que se relaciona com a nossa posição no mundo actual e toda a energia revolucionária que surge das injustiças que testemunhámos quotidianamente e nos revoltam.

Nun`Álvares
Morada: R. Guerra Junqueiro, 4585 4049-031 Porto
Não aceita marcações T. 226092078

Os Edukadores
Título original: Die Fetten Jahre sind vorbei
De: Hans Weingartner
Argumento: Katharina Held, Hans Weingartner
Com: Daniel Brühl, Julia Jentsch, Stipe Erceg
Género: Com, Cri, Dra, Rom
Classificacao: M/12

ALE/Áustria, 2004, Cores, 127 min.

argumento
Os edukadores (título original: Die Fetten Jahre sind vorbei) é o título
de um filme do realizador Hans Weingartner que já está em exibição e
merece ser visto.
O argumento refere-se à actual luta contra a dominação capitalista e os
seus personagens são três jovens berlinenses: Jan ( que defende que os
mais ricos devem ser "edukados"), o seu companheiro de casa, Peter, que
partilha os mesmo ideais, mas é mais descontraído, e Jule, a namorada de
Peter, que se muda lá para casa porque já não consegue sobreviver com o
seu salário de empregada.
Peter e Jan decidem invadir as mansões dos ricos, mexer nas suas coisas
e deixar mensagens como «Os vossos dias de abundância estão contados» a
fim de criar neles um sentimento de insegurança sobre o seu estatuto
social privilegiado.
O enredo permite também o confronto entre duas gerações contestatárias:
a de 1968 que, entretanto, se integrou socialmente, e a actual geração
de contestação ao neo-liberalismo capitalista.
Com uma realização heterodoxa ( tipo câmara na mão), repleto de humor
sarcástico e frequentes denúncias sociais, o filme serve sobretudo para
reflectir nas melhores formas de criticar e contestar o sistema de
domínio e exploração como é a economia de acumulação do capital.

*Jedes Hertz ist Eine Revolutionäre Zelle!” (Todo coração é uma célula
revolucionária!)* é um exemplo de frases que marcam o filme.
Site oficial:
http://www.theedukators.com/


The Edukators [en]
http://www.theedukators.com/

Jule is a waitress that can't make ends meet. She moves in with her
boyfriend Peter and his friend Jan, two young men united by their
passion to change the world. But Jule has a secret: A past auto accident
has burdened her with lifetime payments to successful businessman,
Hardenberg. Peter and Jan also have a secret: They are the notorious
"Edukators," mysterious perpetrators who break into expensive homes of
the local yacht club members as an act of political rebellion. They
wreak havoc and leave notes that read, "Your days of plenty are numbered."

While Peter is away on holiday, secrets between Jan and Jules are
disclosed and feelings between them intensify. They impulsively break
into the home of the businessman to whom Jules is indebted. But their
growing passion has made them careless and when they're forced to return
to the villa the following night to retrieve a forgotten cell phone,
Hardenberg surprises them.

They have no choice but to call Peter for help, even if it means his
finding out about their betrayal.

The trio makes a rash decision and their futures (as well as
Hardenberg's) are quaked. Ideals are tested as generations collide,
passions rage, and loyalties shatter.

The Edukators is co-written and directed by Hans Weingartner and
co-stars the rising international star Daniel Brühl of /Goodbye Lenin/.

Jedes Hertz ist Eine Revolutionäre Zelle!

Jedes Hertz ist Eine Revolutionäre Zelle!

Todo coração é uma célula revolucionária!

http://www.theedukators.com/

Saturday, September 10, 2005

Costa Vicentina [en], [pt]














30/8

Zambujeira do Mar [en]

Hmm, seems that I’ve been really skipping to write in English, or at least try to … shame on me ;O)

After “Encontro Vida Verde” I had decided to spend some days together with the Atlantic.

Well, in Portugal there hardly could be a better place than the South-West Coast, Costa Vicentina, to do it, there nature managed, somehow, to survive to the same cement and bet ton fury that quite destroyed most part of my country, filling the Atlantic Coast with ugly buildings and mass construction shit.

There you can still find nearly desert beaches only filled with tranquillity.

I arrived there quite in the end of August so mood was already sort of calm.

There was a very interesting coincidence. I arrived there after Encontro Vida Verde, and after setting the tent and all that stuff in the Camping Park I went almost running to the beach … well, the village was sort of nice, especially if compared to Algarve, that is filled with buildings and touristic resorts, but somehow I didn´t feel like staying in the main beach … there was too much people (at least according to my introspective standards ;O), so I decided to walk a bit further and search for something calmer.

I was presented with a very nice walking path trough the amazing cliffs over the Atlantic, still not so fantastic as some that I found out afterwards while exploring the area a bit better.

So eventually I arrived to a beach not so that faraway from the main one. There were some stairs going down. I went down and there, strangely, I started to recognise some familiar faces. Well, somehow I was in Encontro Vida Verde again, because the people that were staying a bit longer after the “Encontro” were actually there in the beach, they had decided to go to the beach in that day and so by coincidence (or not ;O) I met them in that same beach that, in a certain extend, I went to nearly by accident.

It was (is) really special people, with a very “open” and positive attitude towards life, but it´s always sort of complicated to dress it with words.

Guga (a very cute baby) and Ana (Guga´s mother) were staying also in Zambujeira for some days … so eventually we were camping very nearby in the Camping Park.

In the following day I decided to make a short walk, short but not so short, something like 3 or 4 km.

There were really impressive landscapes but surely I´m not able to describe them, especially in English.

I carried my bag with some stuff with the intention of spending there the entire day but ironically I forgot a very essential element in such conditions: sun protector.

So for some moments I was in a mega chill out mood, laying in the beach like a lizard, just getting sun and reading some cool stuff. After some time sun was really wild, and I really had to search for some shadow, which was sort of difficult because the beach was very exposed to the sun …

While there something very interesting happened. There was some trash, mostly due to boats passing related with commercial navigation I guess, since it seemed to be a not very frequented beach (quite the opposite) … well, not too much but still …

A man grabbed a bag and started picking all the garbage in the beach, without any stress, calmly, step by step. It´s incredible but, after a not very long time, the landscape was really very different, positively different, thanks to a single individual act. Well, for sure there must be tones of garbage in the entire shore, nevertheless, in that beach, in that day, that single act, simple act I would even say, made a lot of difference for sure. Who knows if it even didn´t save the life of some animals? Sometimes sea animals swallow that terrible garbage or are affected by it one way or the other.

I think that I will never forget the importance of that single act … and if we all collectively would be responsible for more of single acts like that?

In the next day I went on food, with my 25 kg bag (or such ;O) to North. I was planning to reach Vila Nova de Mil Fontes by walking ….

Well, I must return to my mother language because I have written some short appointment in my notebook …

Fiz uma caminhada da Zambujeira até Vila Nova de Mil Fontes, com 2 boleias pelo meio (e que me salvaram diria ;O).

Da Zambujeira até ao portinho de pesca “Saída da Barra” (creio que era esse o nome) fui sempre a caminhar. A paisagem era deslumbrante, com escarpas agrestes precipitando-se no Atlântico.

Tentei seguir um trilho algo sinuoso e bravo por essas escarpas, com algumas passagens algo perigosas sobretudo quando se transporta uma enorme mochila que nos limita em larga medida a mobilidade. Mais perto do porto, uma densa cortina de vegetação cortou-me o caminho. Talvez sem mochila fosse possível, mas para todos efeitos estava com mochila. No porto, começando a sentir de forma cada vez mais inclemente o peso da minha companheira lombar, constatei que parecia não haver nenhum caminho. O meu objectivo era chegar ao Farol do Cabo Sardão.

Não tive muito mais imaginação do que ter optado por me dirigir para a estrada. Curiosamente, pouco após ter começado a percorrer o asfalto, e na primeira vez que estendi o polegar, conseguir obter imediatamente boleia. Um casal muito simpático que estava de Férias em Mil Fontes, o meu destino final. Usei a boleia apenas até ao Cabo Sardão, pela qual fiquei imensamente agradecido.

O Cabo tem uma aura muito especial, uma beleza muito própria; beleza ainda mais ampliada para Farol, edifício mítico.

Após me deter por um prolongado instante por aquelas bandas, apreciando a vista do cabo e do Farol, decidi partir em direcção a Almograve, com o pormenor que o único elemento indicador que possuía era o facto de saber que ficava para Norte.

Fui tentando encontrar um trilho e nem cheguei a perceber se ele existia ou não. Após algum tempo caminhando, penetrei numa área verdadeiramente selvagem. Os únicos vestígios de humanidade eram algumas embarcações que passavam ao largo no mar, sempre pressentido e presente. Era uma paisagem predominantemente Mediterrânica creio. A partir de certo momento, e após passar por alguns bosques mediterrânicos, comecei a chegar a uma área onde se erguiam enormes dunas de areia que só terminavam nas próprias falésias sobre o Atlântico.

Em certo momento senti medo … não seguia nenhum caminho concreto que não fosse esse de ter o Atlântico como referência, mas não sabia se alguma desfiladeiro, mato, me poderia ou não cortar o caminho e deixar-me disperso naquela imensidão selvagem. Essa inquietude, em larga medida, impediu-me de sentir em toda a sua plenitude toda a imensa quietude daqueles instantes.

Senti-me quase como ultrapassando um deserto. Lembrei-me dos milhares de seres humanos, empurrados pela miséria e total ausência de perspectivas, que se aventuram no próprio Sara com o intuito de chegar ao Mediterrâneo e depois a uma mítica Europa, que na maior dos casos não passa de uma mera miragem distante, senão geográfica certamente legal.

Após ultrapassar mais dunas, durante alguns kms, comecei a chegar a uma área onde me pareceu ver pegadas recentes, para além das de inúmero animais não humanos que vinha vendo até ali. Isto decorreu no período de maior calor, em que o sol estava mesmo a pico. Eventualmente acabei por chegar a um ponto de onde avistei um estradão ao longo da costa. Do início desse estradão, e de mais um porto do pesca onde ele convergia, a Almograve foi mais cerca de meia hora a caminhar.

Em Almograve, depois de ter estado na praia, comecei a pedir boleia para Mil Fontes, mas o meu sucesso foi nulo, quase o oposto ao sucesso que tinha tido anteriormente. Prossegui caminhando. Fui por um longo caminho ladeado essencialmente por eucaliptais, a parte sem dúvida mais desagradável de todo o percurso, sobretudo porque me sentia mesmo cansado, sobretudo no que diz respeito ao peso sobre as costas, e estava a ver que nunca mais terminava … Por fim acabei por conseguir chegar à estrada nacional, onde não tive de esperar mais de 10 minutos até um outro casal muito simpático, que regressava de férias de Aljezur, ainda conseguisse encontrar espaço no automóvel atulhado para me meter a mim e à minha mochila. Até Mil Fontes ainda foi uma distância considerável, que me teria tramado forte e feio se tivesse percorrido a caminhar, ainda para mais não havendo nada de assim muito interessante no percurso. Fomos mandados parar por uma patrulha de géninhos mas ficámos sem saber o que queriam dado que nos mandaram prosseguir de imediato.

Finalmente cheguei a Mil Fontes onde o Parque de Campismo remetia um pouco para o universo de um Campo de Refugiados.

Em Mil Fontes, fui dar a uma praia onde havia um velho reboque enferrujado encalhado. Por outro lado ficava perto de uma ETAR, por isso por instantes o cheiro era desagradável. Então decidi regressar ao Porto no dia a seguir. Antes do regresso, à noite, ainda descobri em Mil Fontes uma Gelataria com uns deliciosos gelados sem leite, os melhores que já provei creio, pelo menos do que me recordo. A Vila em si tem a sua piada, mas nada de absolutamente encantador, por muito que exista o Algarve para o fazer parecer.

No dia a seguir, passei praticamente todo o dia sentado numa camioneta para conseguir regressar finalmente ao Porto. Segundo os meus pais eu estava incrivelmente magro.

São perspectivas.

Tuesday, September 06, 2005

vida verde











26/8 – 2/9

Estive cerca de uma semana ausente de casa, vivenciando, conhecendo novas pessoas, sentindo novas vibrações, respirando ar puro e repleto de luz, etc.

Subsistem certos resquícios de muitas impressões momentâneas.

Arco-Íris – Odemira

O monte irradia uma imensa e quase impossível serenidade, como só a natureza é capaz de produzir.

Sobre o Encontro … abdico de o tentar descrever da mesma forma como não se descreve um fio de luz dissolvendo-se no anoitecer ou uma gota de orvalho fecundando a terra.

imagens em:

http://portugal.ecovillage.org/fotos_vv2005.htm

"A força da simplicidade é enorme"

"A força da simplicidade é enorme"

Alicia Zárate
entrevista em:
http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=63939&cidade=1

Agência de Notícias Anarquistas- ANA

“A água, indispensável à vida, converteu-se rapidamente nos últimos anos em um grande negócio, principalmente das grandes multinacionais. E está desaparecendo. A escassez da água em escala mundial representa uma das maiores ameaças ecológicas, económicas e política do século 21. E é essa trama capitalista que a artista plástica da Argentina, Alicia Zárate, vem denunciando nos últimos cinco anos, com o projecto “Água, Ouro Azul”. Recentemente ela esteve na Europa divulgando esse trabalho, e na volta concedeu à ANA a entrevista seguir, onde ela fala de água, ecologia, anarquia, corpo, simplicidade...

ANA > Já que estamos falando em simplicidade, nessas suas andanças pela Europa, percebeu maior brutalidade desses povos brancos, instruídos e ditos civilizados? Seria absurdo um anarquista gritar "libertemo-nos dos povos civilizados da Europa!"? (risos)

Alicia < Me chamou a atenção e me comoveu a desconexão com a Natureza, os mau tratos. Arvores mutiladas - me pergunto de onde vêm esse costume de podar árvores? Móveis de madeiras maciça no lixo! Essa madeira provem de uma árvore que levou seu tempo e esforço para crescer, consumiu água etc. Centenas de imagens de destruição vêem a minha mente. O aumento do consumo de alimentos industrializados; o desperdício com embalagens - packaging lhe dizem - e de matéria prima: couro, madeira, alimentos em quantidades enormes; o aplainamento de montanhas para construir estradas, a retirada das pedras e mármores para satisfazer o ego de quem paga; a manipulação da Natureza e do corpo humano. A discriminação, os controles, tudo vídeo-vigiado, é alucinante; por momentos me parecia estar vivendo "1984" de Orwell, ou o filme "Brazil", de Terry Gilliam. A história européia é uma sucessão de guerras, o nível e qualidade de brutalidade é diferente do que sofremos nesta região do mundo.
Não é a cor da pele, nem uma região do mundo, senão o pensamento, Moésio. Eu gritaria "libertemo-nos do antropocentrismo!", "Sejamos índios brancos!", "Recuperemos a poesia!" Afinemos nosso corpo como órgão de percepção. Poesia entendida como momento de sinceridade, de ingenuidade, que nos permite ser .

Quando abri a janela
Eu vi um passarinho
Cantando na chuva.

Mesmo com chuva
O passarinho cantava.
Que dia feliz.

> uma criança <

http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=63939&cidade=1

Sunday, September 04, 2005

Donnie Darko











Hoje regressei, de certa forma, ao ritmo cosmopolita da cidade e fui ver um filme com um registo algo alternativo … uma excelente película diria, daquelas que é mesmo essencial ver … foi no Passos Manuel, um dos cinemas “resistentes” da cidade, com a sua aura quase mítica.

Fui ver com a Judite, um momento muito único pois já não via esta miúda tão querida há alguns meses, exilada (como quem diz, cada vez mais me convenço que o exílio, ou melhor, o degredo, é mesmo aqui ;O) em terras Finlandesas. O Porto agora já tem outra intensidade ;O)

Em relação ao filme …


Donnie Darko: A Versão do Realizador

Título original: Donnie Darko: The Director's Cut
De: Richard Kelly
Com: Jake Gyllenhaal, Drew Barrymore, Jena Malone, Patrick Swayze
Género: Dra, FC, Thr
Classificacao: M/12

EUA, 2001, Cores, 133 min.

Director's Cut

O "Director"s Cut" reforça aquilo que a versão que estreou comercialmente já mostrava: que os "cultos" não se explicam cabalmente, andamos, quanto muito, a rondar à volta deles, porque se se explicar tudo muito explicadinho então temos de dizer que "Donnie Darko" se vai desenvolvendo em círculos de narrativas e de personagens sem resolver a acumulação e o que deixa para trás (não porque se recuse a fazê-lo, mas porque não o consegue fazer), que o "fantástico" é débil e sub-lynchiano (a velhota-espectro e o seu livro - que neste versão surge enfatizado), que há personagens que estão como indícios de outro(s) filme(s) que podia(m) ter sido desenvolvido(s) - a personagem de Drew Barrymore, por exemplo - e por aí adiante... E não ajuda verificar que na versão "director"s cut" Richard Kelly pôs de fora "Killing Moon", dos Echo and the Bunnymen, que estava na sequência de abertura... E no entanto, mesmo que o realizador não tenha unhas para a guitarra que se propôs tocar (isto só quer dizer que este podia ser um muito grande filme), a forma como fala da América é deveras original - com a capa de "filme fantástico" a espaços a levantar-se e a voltar depois a cobrir tudo ... E é verdade que o prenúncio de fim é um sentimento que não nos larga - pode ser uma das explicações do "culto" que este filme criou, o ter captado a sensibilidade catastrofista destes tempos. Um mistério, portanto.

Vasco Câmara

director"s cut continua incompreensível

"Donnie Darko" estreou-se nos Estados Unidos em Outubro de 2001. Na altura, J. Hoberman, crítico da "Village Voice" e um dos mais importantes críticos de cinema americanos, escreveu que era o primeiro filme estreado desde Setembro que parecia "não ter perdido sentido" face aos acontecimentos de dia 11 de Setembro. É curioso reencontrar agora essa ideia, porque se "Donnie Darko" não tem - nem podia ter - nenhuma relação directa com esses acontecimentos (o que não invalida que um nova-iorquino a pudesse estabelecer em Outubro de 2001), vêmo-lo outra vez, agora na versão "director"s cut", e o que ele nos sugere é uma coisa tipo "paisagem depois da batalha" (ou, mesmo, depois da "catástrofe"). Que batalha e que catástrofe, ninguém poderá explicar bem - é um dos encantos do filme de Richard Kelly, parecer um "film à clef" mas sem chave disponível, uma sucessão de mistérios sem explicação acessível

Luís Miguel Oliveira

http://www.imdb.com/title/tt0246578/